Nesse espaço permito-me expressar minh'alma, sem ter que nada... nem tempo nem lugar... meus mergulhos...
Te convido a mergulhar comigo e compartilhar tuas impressões...

sábado, 26 de dezembro de 2009

E se...




Chega essa época, uma névoa de sensações e emoções toma conta do meu ser e me pergunto: será que é a tal revisão de final de ano? Mas creio que é algo que vai além disso... a gente entra num turbilhão, num corre-corre pra lugar nenhum, pra satisfazer expectativas de quem não sabemos e além do mais, num estresse pra suprir demandas que não escolhemos (ou escolhemos inconscientemente). Tem a tal revisão do que deixamos pra trás, do que não fizemos, do que não ouvimos, do que não aproveitamos, do que não vivemos... mas dificilmente olhamos e focamos em tudo o que fizemos e vivemos no ano que passou.


Fazendo uma revisão do que era o Natal pra mim, na minha infância, vem uma saudade ou nostalgia de uma ilusão que ao menos me preenchia. Sempre tínhamos uma noite especial, no reduto acolhedor da nossa casa, com minha mãe coordenando. Comida boa, flores, enfeites de Natal, alegria e união mesmo que aparente. Como eu ainda não tinha meu dinheirinho naquela época, ficava imaginando que presente eu faria pra cada um dos irmãos, pai, mãe e meu fiel companheiro, o Petit, meu cachorro, cruza de pequinês com fox, que chegou como uma bolinha, por isso o nome “Petit Pois”, aos meus três anos de idade. Vasculhava os badulaques da casa, como potes, fios, fitas e acabava fazendo porta-lápis, caderninhos de endereços, envoltos em papel colorido ou desenhos (que, tá certo... não ficavam lá essas coisas, mas... eram feitos com o coração e neles colocava meus mais profundos desejos de boas energias pra quem fosse). Isso era feito com o coração. Sempre gostei de fazer os presentes pra quem eu amava, mas a correria na qual nos encontramos hoje por vezes nos afasta e muito do real significado dessa data.



E se a gente voltasse a ser e sentir algo mais natural, mais verdadeiro e nos uníssemos num círculo de convivência sincera?

E se todos pudessem ser como são, ao menos por uma noite, mostrar suas verdades, suas fragilidades sem ser questionados ou culpados... ou criticados?

E se, ao menos por uma noite, as pessoas experimentassem tirar suas máscaras e se mostrar sem maquiagem ou disfarces...

E se a gente, ao menos por uma noite, pudesse abraçar de verdade sem antes olhar a roupa que o outro está vestindo, ou a cor da pele, ou saber que idéia defende ou que religião pratica...

E se a gente pudesse beijar o rosto dos nossos velhinhos com o mesmo amor que uma criança esperada é recebida...

E se a gente, por ao menos uma noite, olhasse com a atenção merecida o que as nossas crianças tem a nos ensinar...

E se a gente pudesse ser a criança que existe em nós, por ao menos uma noite, dançar, rodopiar, pular, falar besteira sem julgamento... ser feliz e alegre pelo simples fato de existir...

E se a gente ousasse ser autêntico aceitando que somos luz e sombra e aceitando cada um como é, sem querer sempre dar a última palavra...

E se a gente pudesse olhar nos olhos, uns dos outros, e falar aquilo que sentimos, enaltecendo as qualidades e características de cada um que encontrássemos, dando um abraço verdadeiro e manifestando o que o nosso coração sempre quis manifestar, mas por causa de nosso padrões rígidos nunca permitimos?

E se a gente respeitasse, amasse, ouvisse, olhasse, falasse, cantasse, dançasse... vivesse comandado pelo coração e com a mente desperta... em comunhão com todas as raças, com todos os seres, com todos os reinos, respeitando nossos irmãos humanos, nosso irmãos animais, nossos irmãos vegetais... e todas espécies de seres visíveis e invisíveis?


E se amássemos e respeitássemos nossa casa, a Mãe Terra?


Ainda há tempo de voltar pra casa e resgatar os valores que foram sendo perdidos, esquecidos ou endurecidos pelo caminho e abraçar com força a Nova Terra. Eu acredito que Um Novo Mundo é possível! E ele começa dentro de cada um de nós. Você tem coragem de abraçá-lo?


Vamos?


Imagens encontradas na internet:

- 'Reflexion Painting' - Jacqueline Brochu (fineartamerica.com)

- www.leolicensing.com

- powerfulintentions.org


Todos os direitos reservados. Se reproduzir, manter os créditos da autora!


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Retorno...


Minhas raízes verdadeiras me levam pra esse povo, com o qual me identifico tanto que, ao ler, ouvir, saber, recordar... sinto um aperto de saudade que nem sei ao certo de que, mas sei que é real. É algo que se mantém vivo dentro de mim e vem a tona nos momentos mais importantes e marcantes dessa minha trajetória por aqui... Por isso que, cada vez mais, a música celta é uma manifestação de reencontro e reconexão pra mim. Compartilho aqui, um trecho de um livro que ‘caiu’ em minhas mãos através de uma pessoa muito especial, e que me trouxe entendimentos e me convidou a trilhar um caminho de retorno... de retorno ao lar...

Se alguém quiser ler algo sobre a história da civilização celta e druidismo, uma obra séria a respeito, recomendo ‘UMA LUZ SOBRE AVALLON – Celtas e Druidas’, de Maria Nazareth Alvim de Barros, pela Editora Mercuryo (1994).

Abaixo, na íntegra, o capítulo 7, um fechamento...



'Para Terminar'


A instituição druídica desapareceu, lentamente, a partir do primeiro século a.C. na Gália, mas manteve-se até o século VI d.C. na Irlanda e na Grã-Bretanha. Isto não quer dizer que o druidismo tenha desaparecido. O que morreu foi a instituição druídica, mas sobreviveram os ensinamentos, a mentalidade, o pensamento e as crenças... enfim, o gosto pela aventura e pelo desconhecido que, incluindo o risco sob todas as formas, impulsiona o homem a ir sempre adiante.

O druidismo, refugiado nas florestas, continuou a ser praticado e, pela tradição oral, transmitido de geração a geração, talvez tenha sido transformado em fantasia; mas ele faz parte do inconsciente coletivo do homem ocidental que, romanizado, e mais tarde cristianizado, carrega dentro de si mesmo a chama que jamais se apagou. Esse ressurgimento corresponde a uma necessidade profunda e inconsciente de retorno às origens, às raízes que se perderam para o homem ocidental. Esta tradição, que foi mascarada, ocultada, adulterada pela lógica aristotélica e pelo pensamento cristão, existe, e não é preciso muito esforço para que se torne visível.

Cabe ao homem sair à “procura”:


desbravar as florestas

atravessar os desertos

singrar os mares

rasgar os ares...


O riso enigmático dos druidas, o hermetismo de sua linguagem eivada de hipérboles e metáforas, os caminhos tortuosos que levam aos Sîde, podem desviá-lo do rumo certo. Mas o homem-herói não se verga diante de tentativas e perdas; ao contrário, ele é sempre capaz de recomeçar a busca, mesmo quando ela se configura como difícil e interminável, porque só desta forma ele ultrapassa o real, transcende a esfera humana e descobre as trilhas que o conduzirão ao Outro Mundo. E então, no seio dos deuses e das deusas, ao som das harpas, ele será capaz de conciliar o inconciliável:


o indivíduo e a coletividade

o espírito e a matéria

o bem e o mal

a noite e o dia

o passado e o presente

o mito e a história

a vida e a morte

Deus e a humanidade...


Todos os direitos reservados. Reproduzir mantendo origem e os créditos da autora.



segunda-feira, 19 de outubro de 2009



Sou quem sou... misto de lua e sol
Atrás de um véu se esconde minha verdadeira face
Trago aconchego, dor e alegria, trago prazer... doce entrega em suaves ventos
Sou luz e escuridão... paz e turbilhão...
Se me decifras, tens o paraíso...
Se me tocas fundo, ganhas o céu
Sou mulher, sou filha, sou mãe
Sou aquela que busca e traz... que leva e devolve...
Medos? Quem não tem?
Dúvidas... transparência
Porém, enlouqueço nas tramas da ilusão
Mas... se me decifras, podes ter o paraíso,
Se me conquistas, te entregarei a chave
Se me tocas fundo, terás meu céu!

Todos os direitos reservados. Reproduzir mantendo origem e os créditos da autora.


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Entrevista a um TUAREG

Os tuaregs são um grupo étnico da região do Sahara que falam uma língua berber. Eles chamam-se a si próprios Kel Tamasheq ou Kel Tamajaq ("falantes de Tamasheq"), e também Imouhar, Imuhagh, ou Imashaghen ("os livres").

A palavra árabe "Tuareg" significa "abandonados pelos deuses". Talvez por isso prefiram chamar a si mesmos por Imouhar(en), Imashagen (Os Livres) ou Kel Tamasheq - os que falam Tamasheq - e se identificamn como Tamust - a Nação.

Usam a linhagem materna embora não sejam matriarcais. São os homens que não dispensam um véu azul índigo característico, o Tagelmust, que usam mesmo entre os familiares. Dizem que os protege dos maus espíritos, e tem a função prática de proteger contra a inclemência do sol do deserto e das rajadas de areia durante suas viagens em caravana. Usam como um turbante que cobre também todo o rosto, exceto os olhos.

Antes de se tornarem pacíficos como são atualmente, os Tuaregues cobravam pedágios altíssimos dos outros viajantes, assaltando e massacrando os que deixavam de pagar. Em 1946, com a chegada de novos governos, eles entraram em guerra por sua liberdade (o que acabou com aproximadamente quarenta mil Tuaregues mortos, incluindo mulheres e crianças). Agora dedicam-se principalmente à música, ao artesanato e ao pastoreio de animais como os dromedários.

(Informações retiradas da Wikipedia).




A entrevista abaixo foi-me enviada por um grande amigo, Miguel Liello. Ao ler, me deparei com um grande sentimento de que tenho algum conhecimento intelectual, leio, observo, analiso, mas... uma vivência como esta, onde a simplicidade, o tempo, a percepção das coisas, pessoas, situações é tão diferente da que vivemos, me fez parar e refletir... o que é realmente essencial? O que é realmente importante nessa passagem terráquea?

Bom... o título da entrevista, por si só, diz muito: TU TENS O RELÓGIO, EU TENHO O TEMPO...


TU TIENES EL RELOJ, YO TENGO EL TIEMPO


Entrevista realizada por VÍCTOR M. AMELA a
MOUSSA AG ASSARID



- No sé mi edad: nací en el desierto del Sahara, sin papeles...!
Nací en un campamento nómada tuareg entre Tombuctú y Gao, al norte de Mali. He sido pastor de los camellos, cabras, corderos y vacas de mi padre. Hoy estudio Gestión en la Universidad Montpellier. Estoy soltero. Defiendo a los pastores tuareg. Soy musulmán, sin fanatismo.

- Qué turbante tan hermoso...!

- Es una fina tela de algodón: permite tapar la cara en el desierto cuando se levanta arena, y a la vez seguir viendo y respirando a su través.

- Es de un azul bellísimo...

- A los tuareg nos llamaban los hombres azules por esto: la tela destiñe algo y nuestra piel toma tintes azulados...

- ¿Cómo elaboran ese intenso azul añil?

- Con una planta llamada índigo, mezclada con otros pigmentos naturales. El azul, para los tuareg, es el color del mundo.

- ¿Por qué?

- Es el color dominante: el del cielo, el techo de nuestra casa.

- ¿Quiénes son los tuareg?

- Tuareg significa "abandonados", porque somos un viejo pueblo nómada del desierto, solitario, orgulloso: "Señores del Desierto", nos llaman. Nuestra etnia es la amazigh (bereber), y nuestro alfabeto, el tifinagh.

- ¿Cuántos son?

- Unos tres millones, y la mayoría todavía nómadas. Pero la población decrece... "¡Hace falta que un pueblo desaparezca para que sepamos que existía!", denunciaba una vez un sabio: yo lucho por preservar este pueblo.

- ¿A qué se dedican?

- Pastoreamos rebaños de camellos, cabras, corderos, vacas y asnos en un reino de infinito y de silencio...

- ¿De verdad tan silencioso es el desierto?

- Si estás a solas en aquel silencio, oyes el latido de tu propio corazón. No hay mejor lugar para hallarse a uno mismo.

- ¿Qué recuerdos de su niñez en el desierto conserva con mayor nitidez?

- Me despierto con el sol. Ahí están las cabras de mi padre. Ellas nos dan leche y carne, nosotros las llevamos a donde hay agua y hierba... Así hizo mi bisabuelo, y mi abuelo, y mi padre... Y yo. ¡No había otra cosa en el mundo más que eso, y yo era muy feliz en él!

- ¿Sí? No parece muy estimulante. ..

- Mucho. A los siete años ya te dejan alejarte del campamento, para lo que te enseñan las cosas importantes: a olisquear el aire, escuchar, aguzar la vista, orientarte por el sol y las estrellas... Y a dejarte llevar por el camello, si te pierdes: te llevará a donde hay agua.

- Saber eso es valioso, sin duda...

- Allí todo es simple y profundo. Hay muy pocas cosas, ¡y cada una tiene enorme valor!

- Entonces este mundo y aquél son muy diferentes, ¿no?

- Allí, cada pequeña cosa proporciona felicidad. Cada roce es valioso. ¡Sentimos una enorme alegría por el simple hecho de tocarnos, de estar juntos! Allí nadie sueña con llegar a ser, ¡porque cada uno ya es!

- ¿Qué es lo que más le chocó en su primer viaje a Europa?

- Vi correr a la gente por el aeropuerto.. . ¡En el desierto sólo se corre si viene una tormenta de arena! Me asusté, claro...

- Sólo iban a buscar las maletas, ja, ja...

- Sí, era eso. También vi carteles de chicas desnudas: ¿por qué esa falta de respeto hacia la mujer?, me pregunté... Después, en el hotel Ibis, vi el primer grifo de mi vida: vi correr el agua... y sentí ganas de llorar.

- Qué abundancia, qué derroche, ¿no?

- ¡Todos los días de mi vida habían consistido en buscar agua! Cuando veo las fuentes de adorno aquí y allá, aún sigo sintiendo dentro un dolor tan inmenso...

- ¿Tanto como eso?

- Sí. A principios de los 90 hubo una gran sequía, murieron los animales, caímos enfermos... Yo tendría unos doce años, y mi madre murió... ¡Ella lo era todo para mí! Me contaba historias y me enseñó a contarlas bien. Me enseñó a ser yo mismo.

- ¿Qué pasó con su familia?

- Convencí a mi padre de que me dejase ir a la escuela. Casi cada día yo caminaba quince kilómetros. Hasta que el maestro me dejó una cama para dormir, y una señora me daba de comer al pasar ante su casa... Entendí: mi madre estaba ayudándome...

- ¿De dónde salió esa pasión por la escuela?

- De que un par de años antes había pasado por el campamento el rally París-Dakar, y a una periodista se le cayó un libro de la mochila. Lo recogí y se lo di. Me lo regaló y me habló de aquel libro: El Principito. Y yo me prometí que un día sería capaz de leerlo...

- Y lo logró.

- Sí. Y así fue como logré una beca para estudiar en Francia.

- ¡Un tuareg en la universidad. ..!

- Ah, lo que más añoro aquí es la leche de camella... Y el fuego de leña. Y caminar descalzo sobre la arena cálida. Y las estrellas: allí las miramos cada noche, y cada estrella es distinta de otra, como es distinta cada cabra... Aquí, por la noche, miráis la tele.

- Sí...
¿Qué es lo que peor le parece de aquí?

- Tenéis de todo, pero no os basta. Os quejáis. ¡En Francia se pasan la vida quejándose! Os encadenáis de por vida a un banco, y hay ansia de poseer, frenesí, prisa... En el desierto no hay atascos, ¿y sabe por qué? ¡Porque allí nadie quiere adelantar a nadie!

- Reláteme un momento de felicidad intensa en su lejano desierto.

- Es cada día, dos horas antes de la puesta del sol: baja el calor, y el frío no ha llegado, y hombres y animales regresan lentamente al campamento y sus perfiles se recortan en un cielo rosa, azul, rojo, amarillo, verde...

- Fascinante, desde luego...

- Es un momento mágico... Entramos todos en la tienda y hervimos té. Sentados, en silencio, escuchamos el hervor... La calma nos invade a todos: los latidos del corazón se acompasan al pot-pot del hervor...

- Qué paz...

- Aquí tenéis reloj, allí tenemos tiempo.

Entrevista extraída da Red de Conciencia Anahuak : redanahuak@elistas.net


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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Desatando os nós...


Hoje é um dia especial... como todos deveriam ser... dias especiais, um de cada vez...

Num certo dia 17 de um certo mês de inverno frio e chuvoso – um mês chamado agosto – cheguei pelas bandas da serra gaúcha e não tive outra alternativa a não ser encarar essa estrada nova. Diziam que minha chegada estava prevista para setembro... mais próximo da primavera, mas se assim fosse, não seria uma leonina e sim uma virginiana... acho que foi por isso que me apressei... rsrs... melhor assim...

Hoje recebi muitas ligações, abraços de verdade, virtuais, msn, sms... me sinto nutrida e grata ao Universo por tantos amigos e seres especiais ao meu redor.

Então... passo aqui para registrar esse momento de plena gratidão e, tendo em mãos um poema que foi dedicado a mim e ao meu querido amigo e mestre Vilson Gavaldão de Oliveira, resolvo compartilhá-lo com vocês.


Esse poema foi escrito pelo querido amigo Idésio de Oliveira e fala de algo que permeia meus dias... o cantar.


Obrigada, Idésio, por traduzir em tão lindas palavras esse sentir e expressar...

Obrigada pela tua sensibilidade e amizade!




Desatando os nós

Idésio de Oliveira



Eu canto...

E o que me vem é dom.

Canto desde a aurora com as aves que despertam argamassas.

Os pios eu ouço e me calo desde o primeiro.

Embebedo-me e fico tonto e, pra espanto,

eu nem respiro.


Canto alto, tenor, baixo, em contralto, soprano por falsete.


Eu canto

e não sei donde brota este cantar...


Canto porque o vento nina as fraldas no varal!

Canto, e num abrir de porta há uma nota que ao louco

confinado, coitado, é o que lhe faria voar.


Ah!...

O canto faz revoadas e, antes que esqueça,

pode banir presidentes...

Afaga a dor e a dorme em colo

qual mãe que ao longe as dores do filho sente.


Canto e não sou pássaro,

e se a voz que eu trago vem por cordas,

por elas desato os nós.


Canto, mas quando escuto, quero o silêncio rouco.

Canto, e o meu prazer não tem medida quando canto em bando.


Canto, e um pio de ave atiça,

embora seja pena que, enquanto babemos em fronhas,

um sabiá ensaia um novo canto e tange a aurora pra despertar o mundo.


(Para o 1º Maestro e 1ª Professora de Técnica Vocal do Coral da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre: Vilson Gavaldão de Oliveira e Edna Jacobus. Pela dedicação e competência.)


Porto Alegre, Rua Riachuelo, 21.10.94 – 06:00

Blog do Idésio: http://idesiodeoliveira.blogspot.com/

Todos os direitos reservados. Reproduzir mantendo origem e os créditos do autor.


Mais um ano...




Aniversário... mais um ano se passou...

Essas palavras de Fernando Pessoa traduzem bem o meu momento.

Hora de trocar de roupa... hora de construir caminhos essenciais... caminhar por outras estradas... parar de ficar à margem de mim mesma!

Celebro este momento num mergulho de volta pra casa, para que, entregue à minha essência, eu devolva a alma à minha existência.

É hora de viver a plenitude de meu ser... é hora de parar de buscar explicações para o que acontece e justificativas para o que não se faz...

É hora de VIVER!




sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Diante de vários chamados...

Diante de vários chamados... cutucões... sacudões que a vida me deu, venho aqui iniciar ou reiniciar meu momento de escrita... e nada como uma parada forçada pra que isso venha à tona!

Venho aqui pra relatar alguns momentos recém vividos que me fizeram pensar, refletir, analisar ou simplesmente parar de fazer tudo isso. Silenciar para poder ouvir. Ouvir o que o Universo tem pra me dizer... ouvir o que meu coração tem pra me dizer... ouvir o que os pássaros, as flores, as nuvens, a chuva, o sol, o vento... tem pra me dizer... Não tenho ouvido nem a mim mesma. Como posso ouvir o TODO? Pois bem, ou se tira um aprendizado de cada situação ou passa-se pela vida com dor e sofrimento.

Venho de um mês emocionalmente turbulento aonde, todos os dias, pra não dizer todas as horas, minutos, segundos, me questiono em como fazer pra realizar meu sonho que, por mais certeza que eu tenha sobre a validade de sua materialização, as dúvidas são esmagadoramente vencedoras. Essa angústia contínua faz com que meus dias sejam povoados de indecisões, dúvidas, conflitos dos quais tento sair, para os quais tento achar soluções, mas me percebo em um círculo vicioso que muda apenas de tonalidade, porém, a intensidade permanece.
Nesse quadro todo, minha filha adoece com suspeita dessa gripe tão falada e assustadoramente invasiva. Começa um tratamento e eu começo com os sintomas da mesma. Resultado: ambas de ‘molho’ e em isolamento domiciliar por sete dias. Graças aos céus meu filho passa forte e imune. Então... me vejo sem poder sair, meu corpo pede cama, uma tosse infernal invade todos os cantos da casa e minhas aulas e atividades com meus alunos ganham sinal vermelho por alguns longos dias. Porém, incrivelmente diferente de outros momentos da minha vida, aceito essa situação sem tensão, e entrego. Cuido da filha, mas não esqueço de cuidar de mim também. Medito, leio, oro e fico em silêncio. O segredo é não entrar na pressão externa... é se voltar pra dentro e entregar. Confiar. Ou a gente aprende com as situações adversas ou sucumbe a elas.

É... honestamente, acho que eu precisava dessa parada para poder limpar a mente, para terminar de ler alguns livros que comecei e deixei na cabeceira da cama, para voltar a dedicar algum tempo à escrita, colocando em palavras um pouco desse movimento louco que circula dentro de mim... Por incrível que pareça esse momento de ‘reclusão social’ envolto em preocupação e insegurança, passados os primeiros dias, foi e está sendo um momento de reconexão comigo, com minha essência, num espaço aonde minha mente parece ter clareado, arrumado os quartos e limpado a sala de visitas.

Quem dera todos os momentos de tumulto pudessem ser assim: limpei mágoas, desapeguei de sofrimentos passados, reconheci e perdoei pessoas, situações e a mim mesma e, reconhecendo que tudo estava certo e perfeito, me reconectei com Deus e me fortaleci. Então... volto a me ouvir, a me perceber melhor e com isso, posso ousar ouvir e perceber o outro. Nesse momento esvazio a xícara e abro novamente as portas da sala de visitas!